domingo, 21 de fevereiro de 2016

NO BANCO DA PRAÇA

Todos os dias por ela eu passava
contemplando sua graça silenciosa.
Tal qual a enigmática Mona Lisa,
ela fazia do banco da praça sua tela
dirigia-me um sorriso carregado de mistérios;
eu acenava, e seguia meu caminho.
Por instantes eu ficava a matutar
nas palavras que aquele sorriso poderia dizer
mas logo eu mergulhava ensandecido
no mundo de contratos, documentos e números
e nela não mais pensava.
Até que um dia pela praça passei
e surpreso notei o banco vazio;
intrigado, continuei meu caminho.
Passaram-se os dias, e o vazio na praça continuava;
irremediavelmente, havia perdido meu sorriso matinal.
A presença daquela ausência começou a pesar
e tarde demais, eu percebi
o enigma por trás daquele sorriso.
Agora sou eu a ocupar o banco da praça
esperando a volta desse amor

que se foi sem nunca ter sido.

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