quinta-feira, 26 de maio de 2016

FANATISMO

Em menos de uma semana, dois casos de fãs que levaram sua adoração ao extremo. Um terminou de forma trágica. Seguiram-se debates intermináveis sobre as causas que levaram a esses atos.
Não é preciso pensar muito pra se descobrir a causa maior do que aconteceu com Ana Hickman e Anitta. Claro que o gatilho foi o desvio psicológico dos rapazes. Mas o que alimentou esse gatilho foi o indecoroso culto às celebridades que impera neste país. "Heróis", "guerreiros", "deusas", "divas", "mitos" são apenas alguns dos adjetivos que são usados para descrever essas pessoas de carne e osso como nós, mas que têm ao redor de si uma absurda aura de divindade.
A própria Anitta em mais de uma entrevista já se gabou de ter fãs apaixonados que fazem de tudo por ela. Não é nem um pouco surpreendente que essa paixão leve a atos desesperados.
Vivemos numa cultura em que os fãs são levados a pensar que são mesmo proprietários dos seus ídolos. Adolescentes são doutrinadas a crer que o "homem de sua vida" é o gatinho de "Malhação". E em nome da fama, os artistas se deixam levar pelos seus empresários como verdadeiras marionetes. Scheila Carvalho e Sheila Mello, na época de dançarinas do É O Tchan, eram proibidas por contrato de assumirem namoros publicamente, para que os homens tivessem a ilusão de que elas estavam "disponíveis" para eles. Michel Teló, no auge do sucesso de "Ai, se eu te pego", desfez um casamento de três anos porque seu empresário o convenceu de que um artista solteiro conquista mais fãs mulheres do que um casado. Atrizes septuagenárias esticam a pele até onde não pode mais, numa fútil tentativa de se manter eternamente belas.
Quantos ataques mais terão de acontecer para que as "Caras" e "Quem" da vida parem de despejar suas baboseiras? Porque os dois desta semana não serão mesmo os últimos.